Por Bruno Lessa*
"Estamos investindo em redes sociais". Se você acompanha o mercado publicitário, é bem provável que já tenha ouvido este discurso que está cada vez mais presente na boca dos executivos de marketing e comunicação. Será isto uma estratégia, moda ou tendência?
Seja qual for a melhor tradução do momento atual, o fato é que as redes sociais, da forma como são vistas hoje, já caíram no gosto dos internautas (especialmente os brasileiros) e têm despertado grande interesse nas empresas, que estão enxergando nelas um bom lugar para falar de seus produtos e serviços de forma diferenciada. Poder usar um canal gratuito, eficiente, falar a língua do consumidor e ainda ter a oportunidade da mensagem ser multiplicada espontaneamente é de fato tentador, mas o que muitos não têm visto é a essência disso tudo. As empresas e agências, em sua maioria, têm enxergado rede social como "mídia inovadora", enquanto na verdade é algo bem antigo.
Em primeiro lugar temos que ter a noção de que redes sociais não são apenas sites como Orkut, Facebook, Twitter e afins. Segundo o teórico austríaco Fritjof Capra, um dos primeiros a definir o tema, "redes sociais são redes de comunicação que envolvem a linguagem simbólica, os limites culturais e as relações de poder". São redes de pessoas que se conectam por afinidade em determinado assunto. É natural do ser humano se dividir em grupos. Partidos políticos, religiões, times de futebol... Tudo são formas de expressão em que as pessoas se relacionam por um tema comum. São redes sociais, comunidades, o que não é nenhuma novidade.
O que as pessoas chamam hoje de redes sociais na internet são na verdade aplicativos que espelham um comportamento humano tão antigo quanto nossa própria existência: o desejo de se expressar e de se relacionar. O que a tecnologia tem trazido de valioso é a capacidade de fazer isso remotamente e de fazer a mensagem ecoar cada vez mais distante.
Investir em redes sociais não é criar um perfil em cada site novo que aparece, e sim se abrir para o diálogo com os mais diversos públicos que possam fazer parte do negócio, e isso pode (e deve) ser feito tanto online quanto offline. Portanto, antes de pensar em rede social como mídia, pense em rede social como grupo de pessoas. Pessoas que possuem desejos e necessidades, que são movidas por paixões e ideais, que não querem apenas ouvir, mas que também querem falar. Pessoas que, por trás de toda uma parafernália eletrônica, são simplesmente pessoas. Só assim a mensagem será genuína e irá cumprir o verdadeiro objetivo da comunicação.
* Bruno Lessa é publicitário e pós-graduado em marketing pela USP. É diretor da Marketing SIM e idealizador do portal Vitrine Publicitária
(Envolverde/Pauta Social)
Nenhum comentário:
Postar um comentário